Especialistas explicam como as companhias devem se posicionar e a importância de mobilizar o mercado para a inclusão

Diversidade e inclusão devem estar entre as prioridades de qualquer empresa, já que são pilares estratégicos para os negócios e fundamentais para o desenvolvimento da sociedade. Essa foi a principal mensagem deixada por três mulheres, em um painel sobre como o tema impacta campanhas de marketing, na manhã desta quarta-feira (20), no Conecta Imobi.

A mediadora foi Elisa Tawil, idealizadora do movimento Mulheres do Imobiliário. Participaram Andrea Schwarz, CEO da iiGual, consultoria especializada na inclusão e diversidade no mercado de trabalho, e Renata Leão, diretora executiva de criação da David Agency. 

Renata foi uma das responsáveis pela campanha lançada pela rede de fast food Burger King em junho deste ano, devido ao Dia Internacional do Orgulho Gay. O vídeo, com filhos de pais LGBTQI+, gerou grande repercussão, com elogios e críticas. 

“A campanha foca no olhar das crianças em relação ao assunto e também é um convite à reflexão sobre a inclusão da comunidade LGBTQI+ na nossa sociedade. O preconceito é uma construção social e, com toda a responsabilidade que nos cabe como mercado super profissional, nossa intenção é mostrar que os pequenos carregam discernimento, sempre a partir de um olhar muito sensível”, explica Renata. 

Segundo ela, a peça teve tanta mobilização que foram publicados mais de 900 artigos a favor e contra. O vídeo teve mais de 5,5 milhões de visualizações e 179 mil likes. “Foi um fenômeno. O mais importante é que conseguiu mobilizar uma discussão que precisava acontecer. A discussão nos faz ter a certeza de que a gente está no lado certo da história”. 

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Representação nas propagandas

Para Andrea, que tem deficiência e é cadeirante, campanhas sobre o tema chamam a atenção porque as questões de diversidade ainda são tratadas como se existissem ‘nós e eles’. “Quando falamos de diversidade, estamos falando de todos nós. Não se pode determinar que só um tipo de corpo pode ser incluído, ser protagonista da sua própria história e atingir o sucesso”.

Ela ressalta que a sociedade tende a “invisibilizar” essas questões. "Só que esses assuntos têm tomado uma importância tão grande, que não tem como falar de inclusão sem falar de pertencimento. Diversidade é quando a gente tem um lugar na mesa, inclusão é quando a gente tem oportunidade de falar, mas pertencimento é quando a gente é ouvido”. 

A especialista pontua que cada pessoa tem suas particularidades. “Eu uso cadeira de rodas, mas sou tão diferente de quem não usa? Estamos todos a uma história de distância. Você não precisa ser uma pessoa com deficiência para se identificar comigo. E o papel da mídia, da publicidade, é muito importante. Se eu ligo a TV e não me vejo lá, se eu vejo uma propaganda do setor imobiliário e tem uma família que não me identifico, vou pensar que a sociedade não permite que eu entre nesse modelo”. 

Marcas devem se posicionar

Renata Leão acredita que há um movimento coletivo para as marcas, as empresas, se posicionarem sobre inclusão e diversidade. “O mundo hoje pede isso. Pesquisas apontam que as pessoas confiam mais nas marcas do que em outras instituições, como, por exemplo, a política. A gente entende que essa relação transacional entre marcas e consumidores é clara e transparente”

A especialista afirma que a propaganda também tem papel educativo:

“Deixa claro que é uma companhia que acredita ser importante falar daquele assunto e também ajuda a tornar a mensagem, seja qual for, mais palatável para quem ainda sente essa resistência. A luta é contra a invisibilidade e a sub-representação.”

Para Andrea, acessibilidade não é apenas uma rampa, mas todos precisam trabalhar de forma integrada. Os sites, por exemplo, em especial do ramo imobiliário, precisam ser acessíveis aos cegos. “Falta de acessibilidade também é quando as pessoas não têm acesso à informação ou têm dificuldade de navegação na Web, fazendo com que elas consumam menos”. 

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