Para criarmos a agenda de palestras de cada edição do evento Conecta Imobi pesquisamos MUITO. É nosso papel abrir os olhos, entender o que de mais impactante está acontecendo no mundo e apresentar para o setor as tendências que vão impactar o mercado imobiliário. Uma das nossas mais importantes referências é a futurista Amy Webb, considerada uma das principais analistas de tendências da atualidade, que todos os anos apresenta o seu extenso relatório "Tech Trends Reports", no SXSW (principal evento de inovação do mundo).

Esse ano, Amy apresentaria a sua 13ª edição do relatório. Eu estaria lá presencialmente para participar desse momento que já entrou para o calendário anual de parte dos profissionais de inovação, mas não foi dessa vez. Coronavírus apareceu, e o SXSW foi cancelado. Felizmente, Amy lançou seu relatório de toda a forma, e nós do Conecta Imobi não poderíamos deixar de compartilhar com vocês os principais insights, fazendo sempre que possível, um link com o setor imobiliário.

Analisamos as cerca de 400 tendências divulgadas, e compartilhamos com você nossa seleção daquelas que consideramos mais relevantes para o público do Conecta Imobi e para o mercado.

• Não espere apenas tendências relacionadas diretamente com o mercado imobiliário, não é assim que a inovação acontece. É preciso beber de diferentes visões e segmentos, só assim saberemos o que pode acontecer com nosso setor;


• Nem todas as tendências vão acontecer exatamente neste ano. Umas estão em fase embrionária, outras já estão mais maduras. Nosso papel aqui é compartilhar com você, independente do estágio. Assim você será um profissional mais forte e saberá o que está por vir;


• Tendências não acontecem de um dia para a noite, então é normal que listas de tendências tragam coisas nunca faladas, mas também coisas que se estão falando há anos. O que muda é a maturidade de cada uma.

Bom, vamos lá...

Parte 1 - Esse post que você está.
- Interfaces Digitais (5 tendências)
- 5G (1 tendência)
- Inteligência Artificial (5 tendências)
- Smart Home (5 tendências)
- Computação quântica e edge computing (1 tendência)

Parte 2 - O próximo post
- Drones (4 tendências)
- A revolução do dinheiro e as fintechs (2 tendências)
- Jornalismo e Comunicação (3 tendências)
- Segurança (1 tendência)
- Robótica (3 tendências)
- Scoring (1 tendência)
- Cidades inteligentes, infraestrutura e transporte (3 tendências)
- Wearables e o substituto dos smartphones (1 tendência)

Tendências já conhecidas e com o potencial de impacto amplamente comentado no mercado imobiliário. Temos pela frente um horizonte de novos dispositivos projetados tanto para aprimorar a forma como interagimos com o mundo ao nosso redor quanto para dar vida a novos mundos. 

Comparativo VR, AR, MR - Fonte: Paulette Pantoja

Apesar da possibilidade de no futuro o formato ser substituído pela realidade virtual (VR), hoje em dia o vídeo 360 ganha seu espaço especialmente pela sua simplicidade e necessidade de hardware relativamente barato e fácil de utilizar. Atualmente plataformas como YouTube e Facebook aceitam o formato, assim como alguns celulares e câmeras adicionaram o recurso.

Gravações que quando reproduzidas aparecem como tridimensionais, dando a sensação que o objeto / pessoa está na sua frente. A qualidade visual da tecnologia tem melhorado ano a ano, já sendo utilizada especialmente na indústria de entretenimento, como por exemplo em shows (de pessoas vivas ou que já faleceram) ou até mesmo em circos para dar vida a animais, evitando a sua controversa utilização. O uso não se dá apenas a esses segmentos, mas também poderia gerar impacto na telemedicina, produtividade em reuniões, evitar deslocamento (aqui entra o mercado imobiliário, especialmente em atendimentos), entre diversas outras possibilidades.

Interface que nos teletransporta para um mundo digital imersivo. O mercado de VR está bem estabelecido, mas ainda não maduro o suficiente para ser aderido pela massa. A tecnologia evolui a medida que progridem outros fatores, como velocidade de conexão, redução de custo do óculos, entre outros.

No mercado imobiliário promete um impacto gigantesco, podendo no futuro substituir estandes de vendas e a visita presencial (imagine um cenário onde a tecnologia é realmente acessível e com uma qualidade impecável).

Interface que não simula todo o ambiente (assim como a realidade virtual), mas insere elementos digitais ao campo de visão natural. Tecnologia que também tem evoluído muito, e que promete um impacto gigantesco em diversas indústrias, especialmente a medida que cresce a adesão dos óculos inteligentes pelos consumidores. Hoje boa parte de nós já o utilizamos quando usamos filtros "engraçadinhos" no Instagram ou Tik Tok.

No mercado imobiliário, entre diversas aplicações, uma que parece estar muito próxima é a utilização para buscar imóveis na rua, juntamente com a divulgação do endereço completo nos imóveis. Uma busca muito mais completa e interativa, onde o cliente poderia pegar seu celular, apontar para o prédio que tem interesse e acompanhar todas as unidades disponíveis ali, inclusive sabendo o andar de cada unidade.

Também conhecida como realidade estendida (XR), é basicamente um misto entre realidade aumentada com a realidade virtual. Ela cria um ambiente onde objetos físicos e digitais coexistem e interagem entre si. Em resumo, é possível interagir com objetos digitais estando no mundo real.
Um dispositivo de destaque neste mercado de realidade mista é o HoloLens 2 da Microsoft, que conta com interações de usuário baseadas no movimento dos olhos. 

Pensando em nosso mercado, uma das utilizações possíveis seria auxiliar em canteiros de obras e no treinamento dos profissionais da construção.

A mais recente geração de redes móveis, o 5G é uma atualização das redes 4G, tecnologia que que desencadeará uma série de novos negócios e a aceleração de diversas tecnologias, oferecendo velocidades muito mais altas na transferência de dados e a capacidade de dispositivos se conectarem uns aos outros .

Não apenas o setor da construção, o 5G transformará o transporte, educação, serviços financeiros, entretenimento, saúde, entre diversos outros setores. É um requisito que anda lado a lado da tendência "Smart City" e "Internet das Coisas" (IOT).

Em resumo, inteligência artificial diz respeito a uma tecnologia que toma decisões autônomas, um ramo da computação em que os computadores são programados para fazer coisas que normalmente exigem inteligência humana. Importante destacar que a inteligência artificial representa a terceira era da computação e ela não pode ser analisada como uma tendência isolada, afinal, ela potencializa e está presente em diversas outras tendências.

Em nosso mercado, o impacto será gigantesco em diversas frentes, desde aplicações em canteiro de obras, melhora de fotos, mapeamento de terrenos, a casa do futuro, inteligência para criar projetos arquitetônicos e precificar, no marketing, no atendimento, etc etc etc.

Teremos nossa versão digital. Estão surgindo startups que criam "personagens" personalizáveis e treináveis, capazes de aprender com a própria pessoa, sendo depois uma cópia sua no mundo digital. 

Em 2017 o relatório da empresa de Amy Webb projetou que quase metade dos americanos possuiria um assistente digital até 2020. A tendência segue firme e forte. Cada vez teremos mais dispositivos deste tipo em diversos lugares.

Além do aumento da quantidade e da importância dos dispositivos em nossas vidas, outra coisa está evoluindo: o entendimento da linguagem natural (NLU). É fato que a conversa cotidiana de um ser humano é bagunçada, começamos, paramos frases sem avisar, erramos palavras, usamos gírias, temos sotaques diferentes, etc. Entender isso é um passo importante para a evolução dessa tecnologia.

Assistentes virtuais não apenas entenderão a linguagem, mas também se comunicarão de forma muito mais empática e responsiva. Elas entenderão os sentimentos do ser humano e responderão conforme o sentimento que elas perceberem. A Alexa da Amazon, por exemplo, em breve vai responder com um tom de consolo se você parecer triste e se parecer muito feliz, ela também responderá animada. 

As principais assistentes virtuais

Já imaginou tirar a foto de um objeto e depois conseguir manipular descobrindo novos ângulos e lugares que seria impossível você perceber apenas com uma foto rápida? Isso será possível. A tecnologia de transformar fotos ou pequenos vídeos em modelos totalmente 3D está sendo desenvolvida por algumas empresas, como por exemplo a Nvidia, que treinou uma rede neural para gerar de forma autônoma modelos 3D com base em uma foto ou um pequeno vídeo.

No mercado imobiliário, uma evolução dessa funcionalidade, poderia ser utilizada para dar vida com facilidade a tradicional planta-baixa, além de auxiliar na popularização de realidade virtual e dar vida a ângulos de fotos de lugares que você nem tinha percebido.

Mídia gerada pela inteligência artificial, que utiliza pessoas, vozes, fotos, objetos, movimentos, vídeos, textos como base para criação de cópias. O resultado final é um conteúdo digital artificial com aparência realista. Pode ser utilizada para, por exemplo, gerar personagens de filmes, criar dublês de cenas perigosas, criação de bots que respondem em nome de uma pessoa, etc. Por outro lado, também alerta sobre a presença de "deep fakes", conteúdo falso que utiliza esse recurso. 

Empresas estão mapeando o mundo real para gerar cópias digitais. Um exemplo de utilização é a Amazon, que clonou na íntegra o condado de Snohomish - Washington, construindo simulações realistas das estradas, edifícios e tráfego da região, tudo isso para treinar de forma muito eficaz o seu robô de entregas, o Scout. 

Vídeo de executivos da Amazon treinando o Scout, seu robô de entrega, em um ambiente clonado.

Um dos mercados que mais crescem, o conceito de smart home, ou como diz o nome, casas inteligentes, nada mais é do que diversos tipo de aparelhos conectados entre si, que automatizam tarefas diárias , dentro da rede de uma casa. 

Atualmente há milhares de tipos de aparelhos inteligentes (ex: aspirador de pó, máquina de lavar, caixa de ovo, etc etc), mas apenas um pequeno número de plataformas são as responsáveis por conectarem esse ecossistema de aparelhos. O mercado está centralizado em empresas como Amazon, Apple e Google, que visam não apenas vender esses aparelhos que conectam, mas principalmente, a monetização via ricos dados do nosso comportamento doméstico. 

A gestão de toda essa imensa rede de dados é um dos grandes desafios dessa frente, assim como uma forte regulamentação que deixará claro os limites da privacidade.  

Em 2020, mais televisores serão equipados com controles remotos com reconhecimento de voz, que permitem controlar não apenas a televisão, mas outros itens desse grande ecossistema da casa inteligente / smart home (ex: pedir para a televisão ligar as luzes da casa). O contrário também será verdade, auto-falantes, celulares, assistentes virtuais, entre outros itens também poderão controlar a televisão, tornando obsoleto o controle remoto. 

Outro ponto relacionado com essa tendência é a necessidade dos produtores de conteúdo estarem atentos ao entendimento da busca por voz. Por exemplo, ao invés de pegar o controle remoto e digitar "20" para acessar o canal 20 em busca de filmes, a pessoa apenas falará "me mostre os filmes de suspense" e não necessariamente o canal 20 aparecerá se não for otimizado para esse tipo de busca. 

Objetos que possuem câmeras que podem ser acessadas à distância. Um dos produtos como exemplo é a linha Ring, da Amazon, que tem desde campainhas inteligentes até refletores de iluminação de jardim, todos com câmeras que mostram pelo celular não apenas quem está na frente de sua casa, mas também reconhecem automaticamente quem é a pessoa. Há patentes da Amazon para câmeras que vão além da frente da porta, mas com um campo de visão que alcança os automóveis, ruas, prédios, etc.  

Se popularizará uma série de dispositivos fitness, como bicicletas, espelhos, esteiras, saco de boxe, etc. Ser inteligente não apenas conecta os "tradicionais aparelhos" com recursos digitais, mas também com uma comunidade de usuários permitindo aulas em grupo, ao vivo, em casa.  

Uma das líderes mundiais nessa tendência é a empresa Peloton, que lançou o Peloton Tread, uma esteira conectada com um aplicativo que leva os usuários a uma variedade de aulas. 

Gigantes de tecnologia entrarão cada vez mais no mercado imobiliário, seja para dominar os lares, ou para planejar cidades inteiras. 

Um exemplo em relação ao domínio de tecnologias dentro da casa, a Amazon fez uma parceria em 2019 com a Realogy (uma das maiores redes de imobiliárias dos Estados Unidos), dando itens inteligentes para quem comprasse um imóvel. Ela também fez um programa com a Lennar (maior construtora americana) para desenvolver residências inteligentes, ou seja, casas com as tecnologias da Amazon instalada. 

Comunicação da parceria da Amazon com a Realogy

Dispositivos inteligentes se tornam cada vez mais acessíveis, baratos e fáceis de instalar, com isso, serão cada vez mais utilizados para auxiliar na modernização de imóveis antigos. Um sistema de incêndio inteligente, por exemplo, é muito mais fácil de ter manutenção, do que um sistema tradicional em uma casa com a fiação velha.  

Estamos no início de uma nova era da computação, que apresenta máquinas muito mais inteligentes e velozes do que o que conhecemos atualmente.  

Sobre computação quântica: Em resumo, os computadores quânticos podem resolver problemas que são praticamente impossíveis para um computador clássico. Tamanha será a transformação, que a futurista comenta que "será como saltar do preto e branco para um espectro de cores".

Sobre edge computing: Também uma nova tecnologia, é aquela na qual o processamento acontece em local físico ou próximo do usuário ou da fonte de dados, diferente de hoje em dia onde grande parte da computação ocorre na nuvem, com data centers distribuídos cuidando do trabalho de processamento. Com o processamento mais próximo, os usuários se beneficiam de serviços mais rápidos. Será um grande propulsor para a internet das coisas (IOT)

Você chegou ao fim da parte 1. Espero que esteja gostando do que leu até aqui :) Se estiver, convido você a clicar no botão abaixo e conferir o restante das tendências. Vou falar mais sobre 8 grupos de tendências gerais. Muita coisa interessante.

Nos vemos lá!

Mariana Ferronato
Diretora de Marketing do Grupo ZAP e Líder Conecta Imobi